Visita da Associação de Apoio à Agricultura Familiar (Alfa) de João Pinheiro (MG)

Os trabalhos da Unidade com maracujá e mandioca foram apresentados pelos pesquisadores Josefino Fialho e Fábio Faleiro durante visita de produtores, técnicos e empresários membros da Associação de Apoio à Agricultura Familiar (Alfa) de João Pinheiro (MG) durante visita técnica à Unidade no final de outubro. 

O chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento, Claudio Karia, destacou o esforço de reaproximação da Embrapa com os produtores. “Nossa sobrevivência como empresa depende dessa proximidade. Se não soubermos dos problemas que vocês enfrentam, não poderemos oferecer os produtos de que necessitam”. Karia também ressaltou a necessidade de canais de comercialização dos produtos. “É importante que toda a cadeia esteja junta. A Alfa está conseguindo fazer a ponte entre a produção e os programas de governo”, observou, citando a participação da associação no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

A Alfa distribui produtos de 3 mil agricultores familiares e assentados de reforma agrária dos municípios de João Pinheiro, Unaí, Paracatu, Arinos, Lagoa Grande e Brasilândia de Minas. Muitos deles têm na mandiocultura uma segunda fonte de renda e agora pretendem investir mais na cultura para incrementar os ganhos. Outra possibilidade é a cultura do maracujá, que já é produzido pela maioria do grupo que visitou o centro de pesquisa.
 
O presidente da entidade, Astolfo Moreira da Silva, explicou que a associação reúne produtores com propriedades entre 30 a 70 hectares, e conta com uma estrutura de vendas, transporte e ligação com os mercados. “Antes, as propriedades da nossa região sobreviviam do leite. Agora, estão apostando na mandioca e na fruticultura”, disse. O principal foco é a venda de produtos para o PNAE, e a demanda por maracujá é crescente, segundo o dirigente. 
Astolfo também salientou a necessidade de aproximação com as instituições de pesquisa: “Precisamos nos apoderar das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa. Nosso desafio é fazer os produtores produzirem organizados e com tecnologia”.
 
No campo - após as palestras, o grupo visitou a propriedade de Lucília Evangelista, em Planaltina (GO), também com a participação do extensionista Geraldo Magela, gerente do escritório da Emater-DF no Núcleo Rural Pipiripau. Magela tem acompanhado há mais de uma década a evolução dos fruticultores da região e o desempenho das cultivares da Embrapa.
 
Dona Lucília começou a produzir maracujá há 15 anos, quando plantou 426 pés em uma pequena área no Núcleo Rural Pipiripau, em Planaltina (DF). Nessa época, ela era meeira de uma propriedade. “Íamos para a feira e o pessoal começou a gostar dos maracujás. Aí fomos aumentando a nossa área e conseguimos comprar essa terra”, lembrou. Com a renda obtida com a fruta, ela adquiriu a área em Planaltina (GO), onde atualmente são plantados 16 mil pés. A agricultora faz parte da Associação dos Fruticultores Familiares e Produtores de Maracujá do Distrito Federal e Entorno (Aprofama), que entrega os produtos para o PAA e o PNAE.
 
A propriedade de Dona Lucília participa da validação das cultivares de maracujazeiro desenvolvidas pela Embrapa Cerrados. Além de plantar as cultivares BRS Gigante Amarelo e BRS Rubi do Cerrado, ela também está cultivando a nova BRS Pérola do Cerrado. E num pequeno pedaço da área de plantio, materiais ainda em desenvolvimento pelo centro de pesquisa são acompanhados pelos pesquisadores e extensionistas. Magela falou aos membros da Alfa sobre as ações de manejo do maracujazeiro realizadas com sucesso pelos produtores da região. Ele destacou o adensamento do plantio como uma das estratégias que têm garantido mais produtividade.
 
“Começamos com o espaçamento de três metros (entre linhas) por cinco metros (entre plantas) e hoje há produtores utilizando três metros por dois e até dois metros por dois. Isso aumenta a produtividade média para 40 a 45 toneladas/ha/ano, podendo chegar até 70 toneladas/ha/ano e, dentro de estufa, até 100 toneladas/ha/ano”, explicou, acrescentando que a produtividade é elevada já no primeiro ano, e que os produtores acompanhados fazem polinização manual e irrigação por gotejamento. “Mesmo com o aumento do custo da produção por área, a lucratividade pode ser mais de três vezes maior quando se trabalha com tecnologia para produzir com mais produtividade”, disse o extensionista, apontando que o valor médio pode subir de R$ 15 mil/ha/ano para até R$ 52 mil/ha/ano.
 
Os visitantes ficaram satisfeitos com o que viram e aprenderam enquanto percorriam a área e ouviam as explicações de Magela. “Precisamos de informações e nosso dever é fazer com que as tecnologias cheguem à nossa região e sejam adotadas por nossos agricultores”, disse o presidente da Alfa, Astolfo da Silva. Ao final da visita, o pesquisador Fábio Faleiro enfatizou que a pesquisa tem que estar junto com o produtor e que a ponte são os órgãos de extensão rural e assistência técnica, como a Emater, além das cooperativas e associações de produtores. “Essa parceria, com um ajudando o outro, é o caminho. Para ter sucesso na fruticultura, é preciso usar tecnologia e acreditar no que se faz”.
 
Texto e Fotos:
Breno Lobato – MTb 9417-MG
Jornalista da Embrapa Cerrados
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breno.lobato@embrapa.br