ESTADO DA ARTE

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     Estima-se que existam no gênero Passiflora cerca de 450 a 600 espécies de maracujazeiros, onde 150 originárias do Brasil. Muitas das espécies são indicadas popularmente sedativas, diuréticas, analgésicas, vermífugas, anti-tumorais, incluindo também uso no tratamento de dependência química, obesidade, controle de tremores e distúrbios nervosos diversos. Apesar da grande diversidade no gênero e dos benefícios à saúde pela medicina popular, apenas três espécies são produzidas em escala comercial no Brasil: o maracujá azedo ou amarelo (Passiflora edulis va. flavicarpa deg), o maracujá doce conhecido por maracujina (Passiflora alata Curtis) e a Passiflora incarnata, que não produz frutos comestíveis. As folhas dessas três espécies são utilizadas pela indústria de fitoterápicos, mas somente o maracujá amarelo é comercializado pela qualidade dos frutos.

     Em 2008, consolidou-se a da Rede Passitec “Desenvolvimento tecnológico para uso funcional das passifloras silvestres” com a finalidade de gerar conhecimentos mínimos para que espécies nativas da biodiversidade pudessem entrar no ambiente produtivo com sustentabilidade social, ambiental e econômica. As espécies e variedades trabalhadas foram: P. setacea (maracujá do sono), P. tenuifila (maracujá alho), Passiflora nitida (maracujá suspiro), P. alata (maracujina) e P. edulis variedades: BRS Ouro Vermelho, BRS Sol do Cerrado e BRS Gigante Amarelo (maracujás amarelos).

     Em três anos e meio de execução da Passitec, foram alcançados resultados significativos em todas as áreas temáticas da rede. Na área agronômica, foram gerados conhecimentos para promover a produção de mudas de P. setacea e P. tenuifila, que de uma faixa de 1 a 10% de germinação saltou para 60%. Em termos de vingamento de mudas no viveiro, de 5 a 10%, também se observou um aumento significativo na faixa de 70 a 80% tanto para P. setacea quanto para P. tenuifila, o que já viabiliza a produção comercial de mudas das espécies estudadas.

    Em relação ao potencial produtivo das espécies foi observado 7 ton/ha da P. tenuifila, a produtividade de P. setacea alcançou a faixa de 20 ton/ha enquanto que a P. tenuifila entre 5 a 24 ton/hectare. As melhores produtividades de P. setacea foram encontradas nas UOs do DF, conduzidas em latada e espaldeira com 3 fios, com plantas tutoradas por bambu, onde a produtividade alcançou valores estimados de 16 a 20 ton/ha na safra de 2011.

     Em termos de pragas e doenças a P. tenuifila apresentou-se tolerante a bacterioses (Xantomonas axonopodis pv. passiflorae e à Verrugose (Cladosporium herbarum), contudo tem se mostrado sensível à fusariose. Também foi identificada nova espécie de fungos da família das pseudocercosporas em folhas adultas e senescentes do BRS Pérola do Cerrado, com recidiva natural, sem maiores danos econômico. Na pesquisa foi analisada a influência do tipo de irrigação em combinação com o uso de Trichoderma sp indicando que é possível minimizar a incidência da doença por métodos de manejo da cultura.

     Em relação aos efeitos de níveis de fósforo em P. tenuifila verificou-se que não houve efeito significativo sobre a produtividade, mas afetou alguns aspectos físicos do fruto e da planta. A elevação nos teores de fósforo no solo promoveu redução nos valores da acidez titulável nos frutos (%ATT), mas sem interferência na concentração de sólidos solúveis totais (SST), pH e Ratio ATT/SST, sugerindo influência deste elemento na regulação da via metabólica de ácidos orgânicos, em especial na via de síntese e acúmulo de citratos.

     Foram observadas alterações no comportamento físico-químico na polpa do maracujá doce P. alata conforme os níveis de matéria orgânica na adubação. No estudo verificou-se alterações nos valores do %ATT e Ratio ATT/SST, não sendo observada influência no pH. Também foram registradas variações no comportamento de duas variedades de maracujás comerciais (P. edulis) em relação à qualidade dos frutos obtidos no cultivo convencional e orgânico, com valores mais elevados do %ATT na polpa da BRS Ouro Vermelho quando cultivada no sistema orgânico. Já a BRS Sol do Cerrado teve comportamento diverso, com polpas mais doces obtidas no sistema convencional sem alterações nos valores de %ATT em relação ao sistema orgânico.

     Não se observou variações em função da safra seca ou chuvosa no perfil e teores das poliaminas. Contudo os estudos iniciais da influência na expressão dos compostos fenólicos, flavonoides e Vitamina C indicaram alta influência da safra nestes compostos. Em termos de composição química a rede realizou estudos para determinar os perfis de poliaminas, fenólicos e flavonoides. Contudo os resultados parciais apresentaram prevalência de ácidos fenólicos na composição de frutos de P. setacea, P. tenuifila e P. alata, destacando-se a presença de ácido siríngico, cafeico, o e p-cumarico, sinaptivo e ferúlico em concentrações variáveis de acordo com a espécie. Não foram encontrados alcalóides em folhas, frutos, sementes, cascas e polpas das espécies de Passiflora estudadas. O resultado foi considerado importante para a segurança de consumo, já que o composto é associado à toxicidade.

     Os estudos determinaram os teores de fenólicos totais e vitamina C das coleções de P. setacea da Embrapa Cerrados e identificaram variabilidade. Na polpa fresca foram encontrados valores médios na faixa de 50,64 (A4CN) a 77,62 mg/100g (CV2) de compostos fenólicos. Os valores foram elevados quando comparados aos de P. edulis (20,0 ± 2,6 mg/100g), cupuaçu (20,5 ± 3,0 mg/100g) e abacaxi (21,7 ± 4,5 mg/100g). Em relação aos teores de vitamina C, obteve-se teores de 47,51 (A3NA) a 74,62 mg/100g (A1CN), o que em média é três vezes superior ao descrito para o maracujá comercial, P. edulis f. flavicarpa, cuja  faixa é de 20 mg/100g. Portanto o consumo diário de 100 g ou menos da polpa do acesso A1CN poderia suprir as necessidades de vitamina C do indivíduo, o que sugere que a P. setacea tem potencial como fonte de vitamina C, segundo a IDR para a vitamina C.

     Em condições normais, frutos de P. edulis e P. alata apresentam longevidade de três a sete dias à temperatura ambiente. No sentido de aumentar a longevidade de prateleira, LIMA e colaboradores (2010) continuarão, na Etapa II, avaliando indicadores de maturação e ponto de colheita de frutos de P. tenuifila. Além da colheita precoce, outras metodologias devem ser aliadas para melhorar a qualidade dos frutos e aumento da vida de prateleira. Dentre elas, aquelas que permitam reduzir a taxa de transpiração e respiração, a proliferação de fitopatógenos e que previnam danos físicos aos frutos.

     Quanto à validação do efeito funcional, a Rede Passitec através de parceiros do INCOR/SP realizou as avaliações das fibras do maracujá nativo no colesterol, porém houve quebra de protocolo de pesquisa e os resultados foram desconsiderados. O estudo será repetido na Etapa II do projeto. O comitê de ética médica que avaliou o estudo do efeito da Passiflora nos tremores apresentou como obrigatoriedade a realização das avaliações pré-clinicas, que foram iniciadas na Etapa I e terão continuidade na Etapa II. Entretanto, houve grande avanço na demonstração do efeito positivo de uma formulação de preparado da polpa nas funções neuronais, sendo demonstrado o efeito anti-estresse e diminuição da sonolência diurna. O biodisponibilizado no soro foi avaliado e se verificou que a resposta neuronal pode estar sendo mediada via sinalizador secundário instável, cuja expressão é desencadeada pelo consumo da polpa. Na Etapa II far-se-á um refinamento do estudo com o apoio das equipes de Metabolismo e Saúde do INRA, França.

     Na vertente de produtos e tecnologias, na Etapa I desenvolveu-se equipamento para enriquecer a polpa com bioativos, cujo protótipo e metodologia estão em avaliação quanto ao potencial de registro pela Embrapa. Também foram desenvolvidos ingredientes ricos em fibras e em antioxidantes, com propriedades espessantes. Foram avaliadas pectinas de diferentes espécies de Passifloras e seu potencial para a indústria de alimentos. Foram 12 categorias de alimentos e 39 variações, onde vários apresentaram boa aceitação sensorial. Na Etapa II prevê-se o ajuste de formulação e desenvolvimento de métodos de conservação e envase para promover a segurança microbiiológica dos produtos sem perda de propriedades biológicas e sensoriais. Os resultados foram considerados pré-tecnológicos, necessitando a continuidade de esforço de pesquisa para a finalização em ambiente agroindustrial.

     Para melhor avaliar a demanda que deverá ser atendida pela Rede Passitec, foram realizados estudos para identificar e procurar caracterizar melhor o mercado de alimentos e bebidas industriais no Brasil dentro do cenário positivo ao crescimento do consumo dos alimentos funcionais, em seguida, apresentar como os produtos, serviços e/ou processos gerados pela Rede Passitec poderão se inserir nessa cadeia produtiva. O estudo deverá orientar o aprimoramento dos produtos pré-tecnológicos que são objeto da Etapa II da Passitec, que terá como objetivo desenvolver pesquisa complementar para estabelecer o posicionamento competitivo e viabilizar a inserção com sucesso dos produtos tecnológicos a partir dos maracujás silvestres no mercado nacional.

REVISÃO DE LITERATURA COMPLETA

RESULTADO DA PESQUISA

PUBLICAÇÕES DO PROJETO